A moeda norte-americana fechou em alta de 0,73%, cotada a R$ 5,4214. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou com um recuo de 0,44%, aos 119.138 pontos.
O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (17), voltando a ficar acima dos R$ 5,40. Investidores continuam a repercutir o aumento do risco fiscal no país, além de seguirem em compasso de espera pela nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco central do Brasil (BC), que deve decidir a nova Selic, taxa básica de juros, na próxima quarta-feira.
A previsão do mercado financeiro é que o Copom mantenha a taxa Selic inalterada em 10,50% ao ano. A decisão deve vir em meio à aceleração da inflação brasileira e ao nível ainda elevado dos juros nos Estados Unidos.
No exterior, investidores monitoram a agenda de indicadores macroeconômico das duas maiores economias do mundo e seguem atentos a eventuais falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou em queda.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar avançou 0,73%, cotado a R$ 5,4214. Na máxima do dia, já bateu os R$ 5,4304. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou altas de:
0,73% na semana;
3,28% no mês;
11,72% no ano.
Na última sexta-feira, a moeda norte-americana subiu 0,28%, cotada a R$ 5,3819.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou com um recuo de 0,44%, aos 119.138 pontos.
Na sexta, o índice fechou com uma alta de 0,08%, aos 119.662 pontos
Com o resultado, acumulou quedas de:
0,69% na semana;
1,77% no mês;
10,62% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O principal destaque desta semana fica com a decisão do Copom, prevista para quarta-feira. A estimativa do mercado é que o colegiado faça uma pausa no ciclo de cortes da Selic e mantenha os juros inalterados.
Nesta segunda-feira, inclusive, o Boletim Focus — relatório do BC que reúne as expectativas de economistas do mercado para indicadores econômicos — mostrou pela primeira vez que os especialistas não projetam mais nenhum corte para a taxa Selic em neste ano.
Até então, as instituições financeiras projetavam uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.) no juro básico, para 10,25% ao ano — estimativa que foi abandonada. Vale lembrar que, no começo do ano, o mercado acreditava que a taxa Selic encerraria 2024 a 9% ao ano.
No Focus dessa semana, os economistas também passaram a prever uma inflação maior para 2024, a 3,96% no fim do ano. Até semana passada, as projeções eram de uma inflação de 3,90%. O mesmo vale para as estimativas para a taxa de câmbio: economistas acreditam que o dólar vai fechar o ano a R$ 5,13, contra R$ 5,05 na última semana.
Vale destacar que esses fatores se relacionam. Um dólar mais caro pressiona a inflação brasileira, já que a nossa economia importa muitos produtos. Com preços maiores, o BC não consegue continuar reduzindo as taxas de juros.
Além disso, outro fator que tem impulsionado o dólar nas últimas semanas é a perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos. Analistas previam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deveria iniciar um ciclo de corte nas taxas no começo do ano, o que não aconteceu.
Agora, o mercado espera que isso ocorra somente uma vez nos últimos três meses de 2024, tendo em vista que a economia dos Estados Unidos se mostrou resiliente durante todo o primeiro semestre.
Junto a isso, pesa a incerteza fiscal sobre o Brasil. Na última semana, falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentaram a percepção de que o governo não conseguirá reduzir seus gastos, o que fez disparar o preço do dólar.
Em entrevista a jornalistas após reunião com o presidente Lula nesta segunda-feira (17) para analisar as contas do governo e preparar a elaboração do Orçamento de 2025, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad e do Planejamento, Simone Tebet, afirmaram que o nível elevado de renúncias fiscais na conta do governo federal chamou a atenção do presidente.
“São duas grandes preocupações: o crescimento dos gastos da Previdência e da renúncia tributária. E o aumento dos gastos da Previdência está relacionado também ao aumento das renúncias tributárias”, disse Tebet.
“Esses números foram apresentados ao presidente. Ele ficou extremamente mal impressionado com o aumento dos subsídios”, acrescentou a ministra.
Vale lembrar que a semana passada foi bastante dura para o governo federal, em especial para Haddad.
Como mostrou o blog da Andreia Sadi, o ministro tem recebido pressão de setores do PT (Partido dos Trabalhadores) e sido questionado pelo mercado financeiro sobre sua capacidade de concretizar a agenda econômica e alcançar o equilíbrio fiscal.
Diante desse cenário, o ministro chegou a afirmar que a equipe econômica vai intensificar a agenda de trabalho em relação aos gastos públicos e que deve focar na revisão de despesas ao longo das próximas semanas.
Diante do aumento da percepção de “fritura” do ministro da Fazenda, o presidente Lula voltou a defender Haddad no último sábado (15), ao final da viagem que fez à Suíça e à Itália para encontros da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do G7, grupo que reúne as nações mais democráticas do mundo.
“Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for o presidente da República porque ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim”, disse.
Já no exterior, as atenções seguem voltadas para eventuais sinais sobre o futuro dos juros norte-americanos. Na véspera, o presidente da distrital do Fed em Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que era “razoável” prever que o Fed promova apenas um corte nas taxas básicas neste ano e sinalizou que isso pode acontecer até dezembro.
“Precisamos ter mais evidências para nos convencer de que a inflação está voltando para 2%”, afirmou o banqueiro central em entrevista a um programa norte-americano.
Na semana passada, o Fed manteve a sua taxa de referência no intervalo entre 5,25% e 5,50%, patamar em que se encontra desde julho do ano passado.